Há dias em que sinto que penso como um homem. Ainda ontem lia num artigo, de uma daquelas revistas de w.c., que os homens pensam em sexo a cada sete segundos. Não os posso censurar. Se nos entregarmos por inteiro, sexo é bom.
Ontem foi um " daqueles " dias. Não sei porquê, o local de trabalho tem um sex appeal poderoso. Sozinha, com a sala de reuniões vazia, a minha cabeça começou a divagar. E foi divagando todo o dia... Saí do trabalho tão alheada, que não pensava em sexo a cada sete segundos, mas talvez a cada dois. Quem me visse à chuva, de chapéu fechado na mão, talvez nem imaginasse que simplesmente não dei por estar a chover.
O desejo prometia uma noite de bom sexo, e assim foi. Daquele a que o meu companheiro chama selvagem e que eu apelido de obsceno. Do mais baixo nível e da mais alta satisfação.
Hoje entrei na estação de combóios tipo zombie, é um " daqueles outros " dias em que parece que toda a gente olha para mim. No meio da multidão vejo cabeças a voltarem-se na minha direcção, e não sendo um dia em que me sinta especialmente bonita, em que uso uma roupa normal e estou num " bad hair day ", aproveito todos os espelhos para tentar perceber o que se passa. Entro no escritório e vou direita ao espelho. Na cara, tudo no sítio, o fecho das calças está fechado, parece-me não haver motivo para a curiosidade alheia.
Começo a desconfiar que o meu corpo emana feromonas desde ontem, ou então, o meu subconsciente algo tacanho, carrega com ele o tabu. Talvez as pessoas se tenham transformado numa espécie de voyeurs da minha intimidade, e o filme porno esteja a passar na minha testa.